Histoplasmose em Paciente Transplantado

HISTÓRICO

Paciente feminina de 46 anos, portadora de Doença de Chagas com insuficiência Cardíaca grave classe funcional III de NYHA, apesar dos medicamentos otimizados.

Submetida ao transplante de coração em 2018, sem intercorrências. Desenvolveu rejeição e disfunção do enxerto, posteriormente, sendo tratada no CTI com pulsoterapia com solumedrol e tymoglobulina com melhora clínica e laboratorial.

Em uso de imunossupressores (Tacrolimus e Micofenolato). Em 2019 iniciou com quadro de desânimo, cefaleia, diarreia, odinofagia, esplenomegalia. Seus exames mostravam pancitopenia e RDW 18,3. Ferritina 403. PCR 147. Na 131, Mg 1,59, transaminases normais, FA 548, bilirrubina total de 1,68, lactato 8. PCR para citomegalovírus negativo, hemoculturas negativas, TC cerebral, tórax e abdome sem outros achados.

Foi então submetida à punção medular com biópsia de crista ilíaca. Os achados foram aplasia Medular e presença de doença fúngica Histoplasmose.

A HISTOPLASMOSE

A Histoplasmose é uma infecção fúngica sistêmica podendo ser apresentada como forma leve assintomática até a forma sistêmica grave e muitas vezes fatal. Clinicamente predominam as manifestações gerais de um processo infeccioso grave: febre elevada, perda ponderal, astenia, diarreia, vômitos, hepatoesplenomegalia, adenomegalias generalizadas e lesões cutâneas. Cerca de 20% dos casos apresentam meningoencefalite.

Nos casos mais crônicos, os achados mais importantes são: astenia, perda de peso e lesões cutâneas e/ou mucosas. As lesões mucosas se observam em cerca de 90% dos casos, são polimorfas, ulceradas ou ulcero-vegetantes e se situam na língua, na mucosa oral, na faringe, no septo-nasal e na laringe. As lesões cutâneas são menos frequentes que as mucosas, aparecendo em 10% dos casos. Apresentam-se como úlceras de bordas nítidas, profundas, com fundo granuloso e pápulas acneiformes, com ápice ulcerado, pustuloso ou nodoso.

O Histoplasma capsulatum é fungo dimórfico encontrado no solo, em fase micelial, mas se converte em fase leveduriforme na temperatura corpórea do homem (37ºC). É achado principalmente em solos contaminados com dejeções de aves de criação, morcegos ou pássaros agregados.

A proliferação dos microorganismos no solo gera microconídeos e macroconídeos tuberculados e a infecção é adquirida pela inalação do fungo, suspenso em aerossóis. Ela não é transmitida de pessoa a pessoa, como também não existe contágio direto dos animais para o homem.

DIAGNÓSTICO

Clínico-epidemiológico e laboratorial, através de cultura de material obtido do aspirado de medula óssea, sangue, escarro e material de lesões. As provas sorológicas são as mais comumente utilizadas para diagnóstico rápido.

TRATAMENTO

O tratamento específico só é indicado em pacientes imunocomprometidos para se evitar a progressão da doença. Nesses casos, aplica-se uma série curta de anfotericina B, até completar dose total de 500mg, ou cetoconazol, em dose de 400mg/dia, por 6 meses, ou itraconazol 100mg/dia, por igual período.

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